quarta-feira, 15 de agosto de 2012

We Are Never Ever Getting Back Together - Taylor Swift

Taylor Swift fez uma carreira sólida no country com singles em geral bem produzidos e extremamente eficientes nas paradas musicais. Por isso, é de se espantar que em ‘We Are Never Ever Getting Back Together’, o novo single da cantora, Taylor surja explorando um filão tão estranho para El quanto o pop.
Composta e produzida por Max Martin – que tem um dedo em nove entre dez hits farofentos lançados nos últimos quinze anos – a faixa é um pop chiclete que deixa de lado todo o trabalho com pop country que Taylor realizou nos últimos anos para criar um híbrido de todas as cantoras adolescentes que você já ouviu nos últimos anos.
É uma pena ver que, em busca de um sucesso absoluto, Taylor abra mão de sua identidade musical ao optar por um single tão genérico quando ‘Never Gettin’ Back Together’. A faixa soa desde o primeiro segundo como dezenas de outros singles pop lançados nos últimos anos. Desde a marcação de bateria manjada ao corinho do refrão grudento que lembra terrores como Avril Lavigne, Paramore ou mesmo Ashley Simpson. Para completar, a voz de Taylor aqui assume uma tonalidade infantil e desprovida de qualquer personalidade.
O resultado disso tudo é um regresso na carreira de Taylor. Além de bastante inferior à maioria de seus trabalhos anteriores, o novo single ainda soa muito mais infantil e pop do que Taylor – que sempre pareceu preocupada a dar a seu pop country adolescente requintes de amadurecimento – jamais foi no passado.
A boa notícia para Taylor é que a faixa certamente lhe elevará ao seleto grupo de artistas a alcançar a primeira posição na parada principal dos Estados Unidos. A má notícia é que, para isso, ela precisou se tornar apenas mais uma.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Playlist: Top 5 samples

É fantástico quando um artista utiliza outra canção para enriquecer seu próprio trabalho e criar arranjos novos. Ainda mais interessante é quando ele utiliza elementos que funcionam bem outras faixas para criar material completamente novo. A playlist de hoje reúne cinco músicas incríveis que contam com samples de outras faixas. Vamos a elas:

5- Money for Nothing – Dire Straits: Com letra pesada, a ácida, Money For Nothing abre e encerra com uma ponta de Sting fazendo backing vocals com o icônico verso ‘I want my MTV’ e sampleando a melodia do refrão de sua própria ‘Don’t Stand So Close To Me’.
4- Young Americans – David Bowie: Um dos maiores sucessos de Bowie nos Estados Unidos, esta faixa sampleia um único verso de ‘A day in the life’, dos Beatles num daqueles samples que apesar de não serem essenciais, dão um toque extra. Curiosamente, John Lennon colaborou extensivamente no disco homônimo.
3- One more time - Daft Punk: De longe o maior hit global do Daft Punk, esta faixa épica deve muito de sua característica contagiante ao sample sobre o qual é criada. A base da canção é uma versão com rotação e tom alterados do instrumental de ‘More Spell on You’, de Eddie Johns.
2-  Crazy In Love – Beyoncé: Não é exagero dizer que esta é a melhor canção pop dos anos 2000. A faixa conta com um sample do arranjo de trompas de ‘You’re My Woman (Tell Me So)’ e é difícil dizer se, sem ele, teria o mesmo refrão fulminante que a tornou um single #1.
1-Stronger- Kanye West: Este single de Kanye é completamente construído a partir do refrão de ‘Harder, Better, Faster, Stronger’, do Daft Punk, que é utilizado com vocais e tudo. Ao invés de um mero capricho preciosista, o sample se torna absolutamente fundamental para a canção e o resultado é uma pérola de produção e mixagem.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Triumphant (Get 'Em) - Mariah Carey feat. Rick Ross & Meek Mill

Dizer que  Meek Mill e Rick Ross são meros feats em ‘Triumphant’, novo single de Mariah Carey, certamente seria um erro, uma vez que, juntos, eles ocupam mais tempo na música do que a própria Mariah. Em seu novo single, a cantora investe naquele que parece mesmo ser seu estilo favorito: o bom e velho R&B.
E se por um lado o excesso de feats deixa Mariah eclipsada naquele que é, afinal de contas, o primeiro single de seu novo projeto – o que certamente é um erro – por outro é inegável que as participações tornam a faixa ainda mais atraente entre o público Urban, que certamente será o grande foco do single.
É claro que isto nos leva a questionar se uma artista do porte de Mariah  - com uma carreira global - não deveria investir em algo mais universal, ao invés de uma música de trabalho tão segmentado quanto ‘Triunphant’. Com um refrão que passa longe de ter a potência radiofônica de singles passados de Mariah, é pouco provável que o single consiga um bom desempenho ao redor do globo – e provavelmente com isso em mente, a gravadora engatilhou o  lançamento da canção com um remix dançante bem mais radio-friendly.
Mas o refrão desaponta, não é possível dizer o mesmo do desempenho vocal de Mariah. Para dar voz à letra sobre auto-afirmação, um assunto recorrente em sua discografia, a cantora explora bem sua ampla extensão vocal com sobriedade poupando o ouvinte dos insuportáveis gritos tão comuns em suas gravações.
Mas mesmo que não tenha potencial para se tornar mais um #1 de sua tão aclamada lista, ‘Trumphant’ tem o grande trunfo de soar moderno sem trair a identidade musical que Carey construiu para si ao longo dos anos e ainda assim soar competente e isto, para alguém que já lançou singles como ‘Lover Boy’ e ‘Touch My Body’, é mais do que um bom resultado.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Settle Down - No Doubt

Depois de quase uma década afastada dos charts, a banda No Doubt volta com ‘Settle Down’, primeiro single de seu novo disco. A faixa em questão traz o mesmo No Doubt pop e eficiente de dez anos atrás e é aí que jaz ao mesmo tempo a grande virtude e a principal falha da canção.
Num primeiro momento, a canção parece repleta de excessos que jamais deveriam ter deixado o estúdio. Prejudicada por uma introdução desnecessária e absurdamente longa para uma música com aspirações comerciais, a faixa sofre ainda com um fade out que se não acrescenta nada, compromete a eficiência da canção ao privar o ouvinte de uma conclusão mais impactante.
Porém, uma vez que estas arestas são aparadas, a faixa logo entrega  um refrão eficiente e extrovertido que não é comprometido nem mesmo pela voz de Gwen (“estranha” é provavelmente a melhor palavra para descrever a performance da cantora na gravação) e ver a banda à vontade para brincar e incorporar elementos latinos à sua música depois de tantos anos é apenas um indicativo de como seus integrantes parecem estar à vontade.
Porém, mesmo com todas as qualidades, ‘Settle Down’ pode ser, antes de tudo, definida como uma música estranha . Embora seja contagiante e radiofônica na medida certa, a música simplesmente não condiz com a cena pop atual – e encontrar um nicho para inserí-la no mercado parece uma tarefa difícil. Neste sentido, o No Doubt parece retomar sua carreira exatamente onde a deixou há dez anos, e embora seja feliz na tarefa de informar ao público que não mudou, parece não estar consciente de que isto não é necessariamente um ponto positivo.
Mas não se despespere: ao invés de uma música datada e engessada, como é comum para artistas que se afastam do mercado por períodos muito longos, ‘Settle Down’ é apenas uma canção que dificilmente encontrará espaço no mercado. E em se tratando de pop mainstream, isto pode ser um grande problema.