terça-feira, 29 de maio de 2012

Timebomb - Kylie Minogue


Muito antes de Lady Gaga trazer o eletropop de volta ao holofotes com ‘The Fame’, nomes como Kylie Minogue e Madonna já faziam trabalhos bastante sérios segmentados neste formato. Portanto, não é de espantar que a australiana de 41 anos demonstre naturalidade e fluidez ao lidar com os elementos dance pop que caracterizam ‘Timebomb’, single que não apenas puxa seu próximo disco de inéditas programado para o fim do ano, mas também inaugura as comemorações de seus 25 anos de carreira.
Apresentando uma Kylie que se afasta de sua veia euro dance em favor do eletro-pop, ‘Timebomb’ faz uso dos graves de forma mais incisiva do que os trabalhos mais recentes da cantora. E se a letra escapista resvala em uma temática já explorada inúmeras vezes por singles de Madonna, Britney Spears e até mesmo da própria Kylie, os produtores Matt Schwartz e Paul Harris, merecem créditos por dar à faixa um ar de urgência realmente crível.
A instrumentação da faixa oscila entre uma textura áspera que emula timidamente o dubstep e outra tipicamente pop, responsável por criar o refrão cativante da canção. Infelizmente, porém, o trabalho vocal de Kylie é muito aquém do que ela de fato pode oferecer, já que durante toda a música sua voz surge sempre muito processada ou escondida atrás de verdadeiras paredes de sintetizadores, num trabalho que muito lembra as doses cavalares de autotune usadas em canções de Britney Spears.
O resultado é uma canção que embora esteticamente próxima dos trabalhos mais recentes de Kylie - funcionando como uma espécie de resumo de sua carreira nos últimos anos - é tecnicamente superior a qualquer single de ‘Aphrodite’, seu último álbum de estúdio. Mais do que uma escolha comercial apropriada, a faixa é a prova de que é preciso mais do que produtores da moda e hits fabricados em laboratório para construir uma carreira.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

'Love Interuption' - Jack White


Depois de embarcar em inúmeros projetos (e terminar de vez o principal deles, o White Stripes), o multi-tarefas Jack White acaba de lançar seu primeiro esforço completamente solo, o álbum, Blunderbuss, que é apresentado ao público pelo single ‘Love Interruption’.
Sem os riffs de guitarra ou a bateria marcada que eram algumas de suas principais características no trabalho com o White Stripes, tudo o que sobra do Jack White conhecido pelo grande público nesta canção é a voz áspera. Ao ouvir os primeiros acordes de ‘Love Interruption’, a expectativa é de que nos compassos seguintes o restante da banda se junte à produção, como num típico single radio-friendly, ou ainda que guitarras elétricas violentamente amplificadas assumam o primeiro plano. O que realmente se ouve, porém,  é uma canção apoiada basicamente em um trabalho de cordas que prima pelo minimalismo e que deixa o terreno livre para que a voz  esgarçada de Jack experimente em uma miríade de  harmonias vocais interessantes com a cantora Ruby Amanfu.
Mas se Jack White, que escreve e produz a faixa, merece méritos pelo clima old-school que dá à faixa sem fazê-la, no entanto, soar datada, é na letra que ele realmente se supera ao cantar sobre amor de forma extremamente apaixonada. É curioso, portanto,  que para explicitar este sentimento através de palavras ele recorra a imagens tão violentas (“Eu quero que o amor/ me vire lentamente/ finque uma faca dentro de mim/ e a torça completamente”, diz a música, logo em seus primeiros versos)e que  cumprem seu papel com uma propriedade incrível.
Imprimindo sua marca pessoal neste single que marca pela primeira vez um Jack White, ‘Love Interruption’ consegue ao mesmo tempo manter a excentricidade eficiente de seus trablhos anteriores e ao mesmo tempo  amaciar o público para a ampla variedade de sons que Blunderbuss contém.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

TOP 5: Versões acústicas






Esses dias fiquei absolutamente maravilhado ao ouvir este cover para a excêntrica 'Sexy And I Know It', do LMFAO. Sempre me surpreendo pela capacidade de alguns musicistas de recriar completamente algumas canções e ainda mais maravilhado pela capacidade que algumas canções têm de se manterem cativantes e grudentas mesmo em um ambiente sonoro completamente diferente daqueles nos quais foram criados, e  isso se dá porque músicas boas são boas em sua essência, e não apenas pela produção que lhes é investida.
De qualquer forma, esta é a desculpa perfeita para um Playlist especial comn covers acústicos. Vamos lá!





5 ‘Nossa Canção’- Wanessa da Mata: Roberto Carlos tem uma carreira preenchida por músicas que sofrem de produção precária e da ausência total de emoção em sua interpretação. Este é exatamente o caso de ‘Nossa Canção’, que recebe das mãos de habilidosa Vanessa da Mata o polimento necessário para alcançar todo seu potencial e se tornar uma grande canção.



  4 ‘Can’t Get You Out of My Head’ – Kylie Minogue: A única versão da lista feita pelo artista que canta a versão original, este cover feito pela própria Kylie leva uma faixa originalmente pop para um arranjo que beira a vossa nova. Vale a pena conferir.

  3 ‘Baby One More Time’ – Matt Cadle: Neste cover, o hit adolescente de Britney Spears é despido de todo o excesso da produção original e o que sobra é uma baladinha romântica que dá destaque a inocência da letra. 


  2 ‘Bizarre Love Triangle’ – Frente: O grupo australiano Frente conseguiu um dar reboot neste sucesso escalafobético dos anos 80 apenas o despindo das diversas camadas de sintetizador que preenchem a versão original. O resultado final é uma tocante canção voz e violão que brinda o ouvinte com a voz cristalina da intérprete.



1 'Crazy' – Nelly Furtado: É difícil imaginar este hit do Gnarls Barkley sem a voz expressiva ou a sonoridade produnda da canção. Ainda assim, Nelly furtado consegue reinventar a canção. Mais do que recriála de forma acústica, Nelly renova a canção, trazendo a seus versos outro significado apenas por criar novas modulações para sua voz. O resultado é excepcional.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Call My Name - Cheryl Cole


Quando uma nova sonoridade entra em voga, ela é usada à exaustão por artistas oportunistas que buscam um hit a todo custo. Por isso, não se espante ao ouvir ‘Call My Name’ de Cheryl Cole. A música parece com todos os hits dançantes que você ouviu nos últimos anos, de ‘Till The World End’ a ‘We Found Love’.
Com tantas referências – e, acima de tudo, com tanta gente para errar antes –  era de se esperar que Cheryl e o produtor Calvin Harris, que,  veja só,  também assina a produção de ‘We Found Love’,  acertassem na medida com um single absolutamente radiofônico. Acordes de sintetizador graves e secos dão profundidade e textura à canção enquanto o refrão dançante e pop representa uma quebra, com seus acordes que remetem ao eurodance sem deixar de lado uma espessa linha de baixo.
Com tantos elementos, acaba sobrando pouco espaço para a voz de Cheryl – o que não é necessariamente uma coisa ruim. Mesmo adequadamente afinada, Cheryl costuma apresentar performances vazias de expressão ou personalidade e não é diferente nesta gravação, mas esta característica joga a seu favor no caso de ‘Call My Name’. Com os graves ocupando boa parte da produção, a voz de Cheryl acaba relegada a segundo plano, especialmente por ser cantada num tom mais baixo do que o recomendável para uma gravação dance upbeat. Além disso, o efeito duplicado que acompanha a intérprete por toda a faixa acaba soando irritante exatamente por ser usado à exaustão, além de não deixar de ser curioso que Cheryl, que foi revelada junto como grupo Girls Aloud, ainda insista em utilizar muito acompanhamento vocal quando deveria estar trabalhando em construir uma voz própria.
De qualquer forma, Cheryl mostra com este novo single que consegue fazer singles dignos de atenção global, mesmo que isto signifique apostar em artifícios batidos e produtores da moda. Mas isto só demonstra sua adequação ao formato afinal, é disso que vive o pop.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Payphone - Maroon 5


O Maroon 5 fez fama internacional produzindo hits pop vigorosos e pegajosos que atingem boas posições nas paradas sem, com isso, infestá-las, gerando um desgaste rápido como os de Kesha ou Rihanna.
'Payphone', o novo trabalho da banda norte-americana, aposta na mesma fórmula da maioria de seus singles de sucesso, investindo em uma levada que eventualmente esbarra no eletro sem, com isso, deixar a vertente pop de lado.
Com produção que faz com que a faixa soe muito mais como um trabalho solo de Adam do que como um esforço coletivo da banda, ‘Payphone’ conta com uma letra recheada de boas rimas e tem na sonoridade radio friendly um de seus trunfos, embora deixe a desejar no que diz respeito ao refrão.
Enquanto isso, Adam Levine, como de costume, demonstra naturalidade para atingir sem dificuldade as notas altas da canção, ao passo que a insossa participação de Wiz Khalifa se mostra (além de insossa e desnecessária) sintomática de ‘Moves Like Jagger’, o último hit da banda e que dividia com este novo single não apenas a presença de um featuring, mas também o vislumbre de um hit crossover.