sexta-feira, 30 de julho de 2010

O canal musical sem música



Outro dia resolvi fazer uma coisa que não faz parte da minha rotina: assistir TV. E para isso, escolhi a MTV, já que gosto tanto de música. Seria bom assistir uns clipes recentes e tudo mais. O que me surpreendeu, na verdade, foi uma sequência de programas bobos que não fazem nada além de revelar para mim o que provavelmente não é novidade para ninguém: a decadência da MTV. Responsável nos 80 pelo nascimento da música pop tal como a conhecemos hoje, funcionando como uma catalizadora de tendências, a MTV hoje perdeu seu poder (especialmente devido à internet) e, se antes era inovadora e extremamente relevante para o mercado, hoje sequer consegue atender as necessidades de uma juventude cada vez mais rápida, sucateada pelas novas mídias disponíveis.

Não, o canal não assiste a própria decadência de braços cruzados. Ao longo dos anos, a MTV criou o Urge, o MTV Hits, o MTV Music, o MTV Tr3s e, numa última tentativa desesperada, até mesmo retirou completamente os videoclipes de sua programação (para trazê-los de volta pouco tempo depois), mas todas estas ações foram absolutamente ignoradas pelo publico, reflexo de uma compania acostumada a ditar e não a seguir as regras do mercado.

É uma grande pena que a MTV não tenha sido capaz de evoluir junto com o mercado e que a emissora que foi a responsável pela criação de uma nova era na música pareça estar morrendo com ela.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Cornestone



Algumas músicas encantam pela forma como suas letras são construídas, porque conseguem constituir significado em si mesmas. Um exemplo é ‘Cornerstone’, do Arctic Monkeys.
A canção apresenta um protagonista que, obcecado por sua amada, tenta encontrá-la em outras mulheres com as quais esbarra em situações diversas e é a partir destes encontros que seu perfil – e sua angustia - é construído. “But my chances turned to toast /When I asked her if I could call her your name”, diz ele, em um dos versos, expressando o desespero de transferir para alguém a imagem idealizada da mulher que ama.
Porém, o ponto alto de Conerstone é o encontro com a terceira e derradeira mulher, retratado na pedra fundamental do título - talvez um símbolo de reconstrução. Como nos encontros anteriores, ele a compara a sua amada, e constata: “well, you couldn’t get much closer”, e a resposta da garota ("I'm really not supposed to but yes, You can call me anything you want") não só retoma e comprova a eficácia da imagética construída ao longo dos versos como traz conotações bastante interessantes para o último verso (que é de longe o meu favorito).
Embora um fracasso comercial, Cornerstone é provavelmente a melhor canção do álbum Humbug e, bom, merece alguma atenção. Não deixe de conferir.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Indigência musical

Há quem diga que as músicas, estilos e artistas que você ouve reunidos formam sua identidade musical. Se for assim, pois, acho que estou sem identidade no momento. Nos últimos cinco meses tenho recebido uma miríade de influências musicais que variam de Beatles a Depeche Mode. Tudo isso, claro, misturado ao meu próprio gosto bem pop-chicletão-old-school.
Mas tudo cansa, né? E o pop, com seus recursos exercitados ao esgotamento, também me cansou. Daí vou eu nesta nova busca por uma identidade musical e, no caminho, acabo me perdendo ainda mais. O resultado disso tudo é ainda mais fragmentação no meu last.fm e nos playlists do meu mp3 player. É aquela sequência bombante de rock com Foo Fighters e White Stripes dando espaço para o último single do Massive Attack, que por sua vez é seguido por aquela baladinha super emocionante dos Arctic Monkeys, cuja letra nunca cansa de me encantar. É isso. Uma coisa ever-moving, sem foco, preocupada apenas com a cadência das baterias ( não sintetizadas, por favor)
Tenho medo de ficar nisso e no fim das contas ser uma daquelas pessoas que se dizem “ecléticas” apenas por, no fundo, ouvirem de tudo e não gostarem de nada. Por outro lado, acho que pode ser bom. Na pior das hipóteses, daqui a seis meses vou voltar ao meu gostinho pop tradicional com certeza de que não quero outra coisa e, neste caso, minha identidade musical será mais estudada, mais consciente e terá muito mais referências. E, no fim das contas, isn’t it what life’s all about?


domingo, 18 de julho de 2010

Não, não, não me levem a mal



Nesses ultimos dias, em meio às influências do Evandro, aos Beatles e ao rock dos anos 80, acabei ouvindo Wanessa. Pois é. A ex-Camargo. Não porque seja muito bom, mas tampouco porque seja muito ruim, apenas para entender porque falam mal dela. Quando esse projeto voltado para as rádios pop foi anunciado, os consumidores de pop internacional caíram de pau em cima dela porque era brega, porque era ruim, porque era datado.
Visualizar no trabalho de Wanessa tentativas de ir de encontro ao que há de mais comercial na cena pop não é nada difícil: a escolha de uma faixa eletro-pop com feat. de um rapper negão para lead single, as letras em inglês e o look hiper-sexualizado não são escolhas inocentes. É claro que o eco do sobrenome Camargo ainda reverbera por mais que ela o renegue e seus esforços ainda não resultaram em um primeiro lugar nas rádios pop (e provavelmente nunca resultarão), mas ela conseguiu causar abalos consideráveis e o resultado disso é uma turnê para boates(gays, claro) e uma nova faixa liberada exclusivamente via download (afinal, tem coisa mais pop do que lançar single digital?), Falling For U, que poderia ser um single de sucesso na cena eletro-dance européia uns 3 anos atrás.
Se a música é boa? Óbvio que não, mas a minha pergunta é: porque os adoradores de aguilerismos, shakirismos e britnismos falam mal disso? Afinal de contas, está tudo lá: programações de sintetizadores, voz alterada digitalmente, refrões grudentos e, claro, produção assinada por um DJ qualquer. Qual a grande diferença entre Wanessa e Kesha? O que valida o trabalho de Britney como arte que não valida o de Wanessa?
No fim das contas, dizer que Wanessa é ruim é chover no molhado. O som dela não é nada bom. Mas é pop, e para ser pop, nunca precisou ser bom mesmo.

Kicking off

Criar um blog sempre foi um desafio e acho que estes dias mais calmos de férias são um bom momento para começar. Como basicamente falarei de música (das coisas que gosto e não gosto ou que estou ouvindo muito), acho que meu boombox é um nome apropriado, certo?
hope you'll come back ;)