sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Poison - Nicole Scherzinger

Num outro texto, comentei como alguns artistas nunca erravam. Bom, alguns nunca desistem. Um exemplo é Nicole Scherzinger.
Mesmo depois de quatro singles fracassados, ela continua a tentar emplacar um disco solo e, para isso, sua nova aposta é a faixa ‘Poison’. Para assegurar o sucesso, ela se resguardou o quanto pode: conseguiu uma pontinha no X Factor, o programa mais popular da TV britânica, e chamou Red One, o produtor de Lady Gaga, para criar um eletro bem aos moldes de tudo o que rola na cena pop por aí.
O resultado é uma faixa oportunista que não convence. A canção também tem uma outra peculiaridade dos trabalho de Scherzinger: mesmo solo, suas faixas continuam com cara de música das Pussycat Dolls. Além disso, nem ‘Poison’ nem qualquer um dos outros singles já lançados por Nicole apresentam algum tipo de identidade musical, se limitando a repetir modelos prontos em busca de algum sucesso nas paradas.
Ironicamente, acho que com este novo single Nicole se aproxima muito de  Christina Aguilera e seu single ‘Keeps Getting Better’: o gênero oportunista, a falta de tino comercial, o videoclipe sobre heroínas e, claro, o título de maior flop do ano.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Aquele bom boom pow


Neste sábado finalmente aconteceu o show do Black Eyed Peas que eu esperava há alguns meses. E a espera valeu a pena: Apresentando uma coleção invejável de hits para uma carreira tão curta, o grupo ofereceu um show fluído e repleto de efeitos especiais.
Demonstrando esforço visível em trazer a cada um dos membros do grupo um pouco de individualidade, cada membro ganha um momento solo em que apresenta seu material paralelo e aí reside um ponto forte do show: ao contrário de outros espetáculos pop, o show não precisa de interlúdios cansativos, uma vez que há sempre ao menos um dos integrantes sobre o palco.
Quanto aos integrantes, sempre pensei em Fergie como o nome mais forte do grupo e, se comercialmente falando, isso é verdade, num grupo construído sobre a miscigenação, Fergie é que menos contribui para o caldeirão que é o Black Eyed Peas. Durante toda a apresentação, ela se contenta em vestir a imagem de gostosa do grupo exibindo figurinos voluptuosos e soltando berros constrangedoramente desafinados. Pensando bem, talvez esta seja mesmo a função dela (ou só eu reparei que o microfone dela é mais baixo do que os dos outros?). Por outro lado, o líder Will.i.am contagia com seu carisma e transforma seu momento solo em uma verdadeira jam eletrônica, improvisando com samplers que vão de Don’t Stop Till You Get Enough a Smells Like Teen Spirit, naquele que é certamente um dos melhores momentos de todo o show.
Falando em melhores momentos, seria impossível não mencionar a participação inusitada de Jorge Ben no show. Debaixo da chuva tímida que caía sobre a praça da apoteose, ele apresentou ‘Chove Chuva’, mostrando que seu trabalho dialoga de forma bem interessante com o som moderno do BEP e nos fazendo ansiar por uma parceria com Will.i.am.
Apesar do encore foi burocrático com ‘I Gotta Feeling’ (tinha como ser outra?), o BEP mostra que tem aquele boom boom pow necessário para esgotar ingressos por todo mundo e fazer um show relevante e atrativo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fogos de artifício vocais

Acabo de assistir a esta singela apresentação de  Kate Perry, e, bom, bem se Kate ganhasse um tostão por casa vez que erra uma nota, nem precisaria vender CDs (o falsete em 1:40 é particularmente constrangedor).
O mais triste é que o caso de Kate não é um caso isolado no mundo da música. Com a industria despejando no mercado artistas pré-produzidos a toque de caixa (não que este seja o caso de Kate), a quantidade de pessoas com muito sex appeal e nenhuma afinação anda bastante alta na cena musical. Esta situação me leva a pensar em qual é, de fato, a importância de uma boa voz no perfil de um cantor profissional.
Por mais complexo que seja dizer isto, acho que a voz não é o ÚNICO (embora esteja no top 5) atributo de um bom cantor, e por mais paradoxal que seja dizer que um cantor não tem necessariamente que cantar bem, já justifico minha posição: ele não precisa necessariamente cantar bem se tiver outras habilidades que contribuam e enriqueçam para seu trabalho musical (logo, dançar, ser sensual  e tomar Starbucks não contam). Exemplos disto estão na história da música aos montes: Bob Dylan canta tão bem quanto eu e os próprios Beatles não eram nenhum exemplo de potência vocal. No Entanto, a contribuição deste nomes para a música é imensurável.
Por outro lado, cantoras com potência vocal absurda como Celine Dion, Mariah Carey e Whitney Houston conseguiram estender suas carreiras por mais de uma década sem de fato criar algo que trouxesse alguma mudança. Ao executar verdadeiros solos de guitarra vocais, elas trazem o foco de seu trabalho para a voz, ignorando o fato de que a voz é apenas mais um dos instrumentos da música (e como qualquer um deles, também é dispensável de vez em quando).
Ironicamente, este é o mesmo fato que permite que os Beatles, Bob Dylan e Kate Perry vendam sua música.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Heartbreak Warfare


John Mayer é um cara que sempre acerta na mosca. Um de seus últimos singles, ‘Heartbreak Warfare’, além do título ótimo, é uma das melhores baladas de seu último trabalho de estúdio, Battle Studies.  Com muita engenhosidade, a canção compara a animosidade presente em uma relação em crise onde os amantes se tornam inimigos à tensão de duas nações em guerra.
Curiosamente, ao ouvir a faixa ‘Heartbreak’ pela primeira vez, tive a sensação de que esta poderia ser perfeitamente uma gravação do U2 do finzinho dos anos 80 e, isto se deve especialmente ao arranjo de bateria, com sua marcação de tempo bem “antiquada”, e o recurso de reverberação (bem típico dos 80’s) aplicado à voz de John. 
Falando da voz do John, os momentos finais de ‘Heartbreak’ mostram o cantor forçando sua voz relativamente pequena um pouco além de sua habitual zona de conforto, o que é sempre legal. Além disso, a habitual entrega contida de John cai como uma luva à canção, trazendo a dose de emoção ideal sem ofuscar os outros elementos da faixa.