segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Rolling In The Deep - Adele


Que a britânica Adele está muito acima da média não é novidade para ninguém, e agora ela está de volta com um novo trabalho cujo primeiro single é a excelente ‘Rolling in The Deep’.
A letra da canção é poética e sensível, enquanto a melodia - uma midtempo com marcação forte e produção de primeira - arma o cenário perfeito para a voz potente e sem afetações de Adele, que neste segundo trabalho surge ainda mais confiante mas continua evitando a armadilha de criar verdadeiros solos vocais.
É interessante analisar que, apesar da imagem Cult que caiu sobre ela nos últimos dois anos, o som de Adele é essencialmente pop – pop de primeira, sem clipes sensacionais ou roupas de carne.
Sem um corpinho esbelto ou milhões de seguidores no Twitter, só resta a Adele apostar tudo o que tem em sua música e na incrível capacidade de sua voz de transmitir emoção, e é este compromisso com a música acima de tudo um dos grandes diferenciais de seu trabalho.

This year's love had better last...



Quando você passa por muitas decepções,  a tendência é que (1) entre em desespero, (2) se feche para novas experiências ou, em casos mais graves, as duas opções. É sobre esta busca que o escocês David Gray trata na delicada ‘This Year’s Love’.
A canção é um desabafo de alguém que não parece ter sido muito bem tratado pela vida, mas que, num misto de esperança com uma ponta de desespero, deseja que isto acabe logo, e isto fica claro nos dois primeiros versos: “É melhor que o amor deste ano dure/ os céus sabem que já é hora”
Assim, sua preocupação e suas reservas para não ser novamente magoado surgem logo nos primeiros versos da música, “Se você me ama, precisa ter certeza/ porque desta vez é preciso mais do que doces mentiras”. Não, não se trata de alguém que pula de forma inconseqüente e desvairada de uma relação para outra, ou de alguém completamente protegiido, mas de um ser humanizado que, embora tenha certeza de que sua hora vai chegar, também teme continuar se magoando.
E quando, num momento quase epifânico, ele parece se dar conta das maravilhas que seria se entregar a este sentimento, a letra faz uma curva suave, mas significativa “quem se importa se nossos corações forem destruídos?”, diz ele agora, como se percebesse que isto já acontecera tantas vezes antes que a possibilidade de que desta vez seja real faz tudo valer a pena. “Você não sabe que a vida continua? Você não vai me beijar/ me tirar do chão/ cantando o quanto a vida é doce?”
E com a paciência e confiança daqueles que sabem que sua hora vai chegar, a canção chega ao fim com o mesmo verso que inica, mas agora carregando muito mais coisa: "É melhor que o amor deste ano dure"

sábado, 29 de janeiro de 2011

Água - Cláudia Leitte


‘Água’ é uma música de fusão que junta o axé da Bahia com o melhor do eletropop. Ou ao menos é o que Cláudia Leitte queria que todos pensassem ao ouvir seu novo single.  Disposta a deixar sua imagem mais pop neste novo trabalho, Cláudia aprendeu direitinho a lição: Da sensualidade constrangedoramente explicita à linha de sintetizador genérica, ela tenta se apropriar da estética visual e sonora que rege o pop music internacional.
É inegável que o single tem algum apelo radiofônico, mas, no fim das contas, ‘Água’ não consegue ser muito mais do que um axé pé de chinelo com muita percussão, e a vibe Kesha do Acarajé também não convence nem um pouco.
Claramente, o que Cláudia tenta fazer aqui é seguir o exemplo de Ivete Sangalo e trazer elementos de fora a fim de conseguir uma sonoridade mais universal. Porém, ainda falta muito para que chegar aos hits crossover de Ivete que conseguem ir além da linha do axé e, de fato, alcançar uma sonoridade mais pop.
Talvez no axé Cláudia Leitte consiga resultados melhores, mas enquanto produzir faixas como 'Famo$a' e 'Água' não vai conseguir muito mais do que dar com os burros n’água...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Janelle Monae - Tightrope


Se a performance de Amy Winehouse não foi das mais elogiadas em sua passagem pelo Brasil, o mesmo não se pode dizer de Janelle Monae, que abriu os shows da inglesa em território nacional. A norte-americana já caiu nas graças de todos com sua performance energética e a contagante Tightrope, um dos melhores singles lançados no ano passado.
Parceria com o rapper Big Boi, a canção mistura sons mais clássicos dos anos 70 como bumbos e o sax com diversos outros elementos sintetizados, trazendo uma levada funkeada e contemporânea para o som negro dos anos 70.
A sua estrutura de rimas simples e eficiente cria uma canção que fica mais tensa a cada segundo, fazendo um contra-ponto com o refrão, relaxando apenas no refrão suave, tudo apoiado pela profundidade dada pela linha de baixo extensa.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Fuck You - Cee Lo Green




Não fiz (nem pretendo fazer) um top com as melhores músicas de 2010, até porque não sou um grande consumidor de música atual (nem entendo o bastante para fazer uma lista dessa). Para compensar, farei dois posts sobre duas excelentes gravações do ano passado. A primeira é de Cee Lo Green, a voz do Gnarls Barkley,  e se chama 'Fuck You'. Com letra jocosa, a canção traz a sonoridade típica dos anos 70 e da poderosa Motown numa estrutura contagiante e simpática.
Além de ser uma gravação de primeira, a canção (re-batizada como ‘Forget You’ em sua radio Edit) é essencialmente simpática: a levada soul, o arranjo antiquado dos backing vocals, as harmonias vocais que permeiam toda a música e os vocais cheios e descontraídos de Cee Lo.
É pop, é fácil de consumir e é de qualidade. Quer mais o que?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Hold It Against Me - Britney Spears

Há alguns posts atrás, falei de como B.E.P investia em um som mais voltado para as boates e que fugia um pouco do eletro convencional. Pois então, Britney Spears, de volta com Hold It Against Me, pega um pouco de cada para criar uma canção ultra comercial e, com ela, tomar as paradas de todo o mundo.
Hold It Against Me é um eletrodance pronto para as boates de todo o mundo. Com letra e produção pedestres, a canção alterna entre linhas sintetizadas mais leves e outras mais secas e consistentes (que lembram o trabalho de Fatboy Slim, Benny Benassi ou, para ser mais atual, algumas canções do B.E.P). O problema é que a transição entre essas camadas é irregular, dando a impressão de que a faixa não foi finalizada como deveria. Além disso, os vocais de Britney aparecem soterrados pelos backing vocals  e ainda falta um refrão marcado à faixa.
Se a canção não tem absolutamente nada de especial, uma coisa é certa: Britney está de volta fazendo o que sabe de melhor: seguindo as tendências para criar música comercial absolutamente descartável, sem nenhum tipo de inovação e que, com seu nome, pode se dar muito bem nas paradas.

What Am I To You?




Existem momentos na vida em que você simplesmente não sabe o que fazer. Ou sabe, mas não sabe se é o que esperam que você faça. Nestes momentos, em que você se torna vulnerável por não estar jogando um jogo e expor seus reais sentimentos sem de fato saber se o outro está te “testando” ou simplesmente negligenciando, duas músicas podem ser suas companheiras:

I Want You - Em um dos momentos mais sérios de sua carreira, Madonna mostra a dor de alguém que quer receber o mesmo tratamento que dá, reclamando clareza e sinceridade. Apoiada pela excelente produção do duo Massive Attack, que cria uma malha sonora coesa e extremamente melancólica, Madonna canta com voz embargada e sem o apoio de backing vocals, em uma das performances mais honestas de sua carreira.

What Am I To You - De forma bem mais doce, Norah Jones vai bem além de simplesmente reclamar uma posição de seu amado. Ela reafirma de forma apaixonada e vulnerável seus sentimentos, abrindo o caminho para a solução ou, quem sabe, ainda mais sofrimento.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Um rei nunca perde a magestade

Se estivesse vivo, hoje Elvis Presley completaria 76 anos. Ele já morreu há mais de 30 e ainda assim, mas Elvis parece mais vivo do que nunca no inconsciente coletivo.
Além de ser atribuída a ele a criação do rockabilly, Elvis foi o principal expoente do Rock n’ Roll clássico. Seu legado para a música e o mercado fonográfico é imensurável. Embora alguns digam que o primeiro single rock foi gravado por ele, é verdade que naquela época outros artistas – todos negros –  já vendiam rock n’ roll, como Bill Haley & His Comets. No geral, eram grupos de artistas negrtos que se apresetavam usando ternos engomadinhos e cortes de cabelo tradicionais. Dá pra acreditar?
Elvis modificou tudo isso. Ele surgiu com suas roupas justas e nada convencionais em performances cheias de sensualidade e ousadia. É claro que muitos o classificaram como imoral, mas a mistura do bom moço branco, voz negra e sensualidade agradou a uma legião ensandecida de garotas que logo se tornaram as primeiras grouppies da história. Gozando de uma popularidade nunca antes vista por um artista, Elvis foi o primeiro a vender um milhão de singles nos Estados Unidos e logo se tornaria também o primeiro artista a fazer o crossover entre música e cinema. Ele ainda foi o grande responsável por popularizar o rock n’ roll entre o grande público.
Mesmo depois de mais de 30 anos de sua morte, Elvis e seu records ainda são relevantes (quem mais conseguiria vender mais de um bilhão de discos?), afinal de contas, um rei nunca perde a magestade.
E vamos combinar que, depois de Elvis, fazer música ficou fácil.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

What The Hell - Avril Lavigne


Embora seus fãs insistam em dizer que seu som é punk rock, a verdade é que o som de Avril Lavigne se assemelha muito mais ao pop rock genérico das estrelas teen da MTV. E seu novo single What The Hell não foge a esta regra.
Como a maioria das músicas de Avril, WTH é essencialmente uma faixa ruim. O arranjo é previsível e encharcado com uma programação de sintetizador terrível, além dos vocais sempre suspeitos da canadense.
Porém, a canção tem dois pontos positivos: Embora não traga nenhum novo elemento para sua música, a faixa é coerente com o trabalho feito por Avril até agora, e, o mais importante, tem refrão grudento e pronto paras rádios.
Ciente de que precisa fidelizar uma nova geração de adolescentes se quiser continuar vendendo pop teen, Avril parece cada vez menos preocupada em ser uma roqueira poser e mais preocupada em colocar uma canção no topo da Billboard. E esta, afinal de contas, é uma preocupação legítima.