quinta-feira, 31 de março de 2011

Os 22 Anos de 'Like a Prayer'


Há 22 anos Madonna lançava um de seus melhores discos e, para comemorar, trago aqui um dos meus melhores amigos, o Bruno Camargo (leitor fiel do Meu Boombox), para escrever o primeiro texto à quatro mãos deste blog:
No final da década de 80, Madonna curtia um dos ápices de sua carreira. Com 15 dos seus 21 singles lançados até então  no top 10, a recém-coroada rainha do pop poderia ter seguido sua trajetória no dance pop, mas preferiu se adentrar pelos caminhos do pop rock para criar um de seus mais memoráveis trabalhos de estúdio. Considerado por fãs e críticos sua obra prima, Like a Prayer tinha um lado mais obscuro, pessoal, que se aventurava por outros ritmos além do como o gospel, em contraste com a pegada dance  pop de fácil aceitação dos discos anteriores.
Lançado em 21 de março de 89, LAP é uma obra essencialmente conceitual. A temática do disco gira em torno da formação católica de Madonna e, regugitando sua desilusões, ela co-escreveu e co-produziu todas as faixas do disco.
Na faixa título, que une coral gospel a um refrão cheio de guitarras e baterias de verdade, Madonna traça um paralelo entre o êxtase sexual e o religioso. Ela também volta a tratar de religião de forma incisiva em ‘Spanish Eyes’ e na obscura ‘Act of Contriction’, construída a partir do instrumental de ‘Like a Prayer’ tocado ao contrário com Madonna rezando ao fundo. Seria um pedido de perdão pelos erros passados, ou apenas uma ironia com o que estava por vir nos anos futuros de sua carreira, preenchidos por escândalos sexuais?
Fugindo do tema católico, surge o hino feminista ‘Express Yourself’, na qual Madonna convida as mulheres a dominarem a relação e não ficarem em segundo lugar, provavelmente uma das faixas mais fortes de toda sua carreira. Um primeiro single óbvio por sua sonoridade radiofônica, a faixa foi relegada à segundo single em favor do conceito do disco, que foi apresentado ao mundo pela faixa-título e seu polêmico vídeo.
Se Madonna eleva, com Like a Prayer, o nível de sua música, o mesmo não se pode dizer de sua voz, que parece não estar preparada para a complexidade das novas gravações, e embora anteriormente ela tivesse feito evoluções significativas em trabalhos como ‘Open Your Heart’, suas limitações ficam particularmente claras na ótima ‘Oh Father’ e ‘Spanish Eyes’
O disco também conta com faixas que tratam as dores e os prazeres das relações familiares com  a tocante e sincera ‘Oh Father’, ‘Promise To Try’, ‘Keep It Together’ e ‘Till Death Do Us Part’, que trata do fim de seu conturbado casamento com, Sean Penn.
Entre as faixas mais fracas do disco estão ‘Dear Jessie’, excessivamente infantilizada; ‘Love Song’, um improvável dueto com Prince que não parece chegar a lugar algum, e ‘Cherish’, que parece mais remeter ao trabalho anterior de Madonna tanto pela sonoridade quanto pela temática exageradamente simplista para o disco como um todo. Estas três produções não apenas deixam a desejar no quesito técnico, mas também destoam da temática do disco como um todo.
 ‘Like a Prayer’ se tornou um sucesso comercial para Madonna: foram quatro singles no top 10 e 15 milhões de cópias vendidas, mas sua contribuição mais importante foi provar que Madonna era capaz de fazer pop adulto de qualidade sem se descaracterizar. Era o início da revolução do pop, por aquela que ficaria conhecida como a Rainha do Pop.

Sugestões de download: Like a Prayer, Express Yourself, Oh Father

domingo, 27 de março de 2011

Satellites - The Kills


Mais novo single do The Kills e o primeiro material da banda desde 2008, ‘Satallite’ trata-se de uma ousada escolha como primeiro single para divulgar o disco ‘Blood Pressures’.
Com uma sonoridade sombria construída a partir de guitarras secas e um som de baixo amplo e extenso, o single soa como um prelúdio do que está por vir com sua marcação de tempo arrastada e quase ruminante, que parece indicar que a canção é, na verdade, um fragmento não concluído de algo maior que está por vir com o álbum.
Esta incompletude parece ainda mais evidente na letra fragmentada, que funciona como um contra-ponto para a densa malha sonora criada pelos produtores.
Embora seja uma boa canção e uma escolha acertada no que diz respeito ao conceito, ‘Satellites’ peca por não ter a força necessária para ser o carro-chefe de um disco e, neste aspecto, até mesmo a sonoridade blues de ‘DNA’, relegada ao posto de promo single, teria obtido um desempenho melhor.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Friday - Rebecca Black


A jovem Rebecca Black ganhou fama mundial nas últimas semanas depois de gravar a terrível ‘Friday’. Mas a faixa não caiu no gosto de todos pelo refrão fácil ou pela voz melodiosa da aspirante a cantora. Pelo contrário, virou motivo de chacota na internet pela letra sem sentido.
Para começo de conversa, ‘Friday’ é mesmo uma música muito ruim: o excesso de afinadores digitais deixam a voz da menina esganiçada e o refrão, ao invés de grudar no ouvido do ouvinte, lhe causa revoltas no estômago (a letra fala por si só...).
Mas falar que Rebecca e seu single são terríveis é chover no molhado. A grande questão é: qual a grande diferença entre Rebecca e as outras tantas “cantoras” pop e suas grandes produções? O que torna ‘Till The World Ends’ melhor do que ‘Friday’? Será que gritar ‘Baby, baby, baby oh ’ ou ‘womanizer woman-womanizer’ faz mais sentido do que “Friday, Friday/Gettin’ down on Friday”?
Claro que não. Provavelmente ‘Friday’ seria um pequeno hit na voz (tão corrigida no auto tune quanto a de Rebecca) de dona Spears. O que falta a Rebecca, na verdade não é [apenas]star quality e bons vocais. O que ela precisa de verdade é de bons produtores e dos contatos certos, porque sem os contatos certos, não dá nem pra se divertir numa noite de sexta.

domingo, 20 de março de 2011

This time for Brasil!


Na noite deste sábado, fiz uma pequena loucura e voei até são Paulo apenas para assistir a um show de Shakria com sua Sale El Sol Tour. Ao contrário da maioria das outras cantoras pop, Shakira não conta com muito mais do que seu corpo, sua banda e um amplo telão de LED para entreter seu público e talvez aí resida um dos maiores trunfos de seu espetáculo: A simplicidade. Ela apresenta um espetáculo que foge das convenções dos shows pop: Descalça durante quase todo o tempo, apresenta suas canções ao vivo (à exceção de ‘She Wolf’, que ganha vocais gravados no refrão) sem o auxílio de dançarinas, coreografias ultra ensaiadas ou trocas de figurino mirabolantes.
Com vocais impressionantemente similares aos que entrega em seus trabalhos de estúdio, Shakira apresentou um setlist claramente focado em seus sucessos. Se preocupando pela primeira vez em sua carreira em reformatar antigos sucessos, ela apresentou versões interessantes para ‘Whenever Wherever’, ‘Ojos Así’ e até mesmo para as novas ‘Despedida’ e ‘Gypsy’, que, juntas formam o segmento cigano, o momento mais belo do show. Porém, Shakira sabe ser uma crowd pleaser como ninguém e apresenta intactas as catárticas ‘Hips Don’t Lie’ e ‘Waka Waka’, que fecham o espetáculo de forma avalassaladora.
Carregando o show nas costas, Shakira faz com que o foco do espetáculo esteja em sua carismática e sensual persona artística, evitando a despersonalização mecânica tão comum em shows ultra teatralizados como os de Madonna ou Britney Spears e, desta forma, entrega um show essencialmente simples mas que cumpre bem sua missão: entreter o público.

domingo, 13 de março de 2011

I'm not missing you!


Sempre achei que se você sente necessidade de mostrar que got over uma relação, você na verdade ainda está de alguma forma atrelado a ela. Recentemente, porém, também percebi que há algo muito libertador em conseguir se livrar definitivamente de um resto de sentimento que só te atrapalha a vida. E nessa onda, me lembrei de uma musica antiguinha, da Stacie Orrico. O nome da dita canção, vejam so, é ‘I’m Not Missing You’ e trata exatamente sobre este “exorcismo” libertador.
E termino o post com uma pequena citação da música:

I'm not missing you
You might have had me open
But I must be going because
I got life to do
I know I'm usually hanging on
I used to hate to see you gone
But this time it's different
I don't even feel the distance
I'm not missing
I'm not missing you

sexta-feira, 4 de março de 2011

Where You At - Jennifer Hudson


Depois de uma tragédia familiar e um corpo renovado, Jennifer Hudson retorna ao mercado com ‘Where You At’, encarregada de trazer seu novo disco, ‘Remember Me’.
A sensação que fica após ouvir a canção em questão é a mesma deixada pelos outros singles solo de Jennifer: a sensação de que ela pode mais do que isso. Embora seja uma balada R&B e, tecnicamente, seja radiofônica o bastante para ser um pequeno hit crossover (nos Estados Unidos, claro), falta à canção aquele X Factor que a levaria direto para o topo das paradas.
E, se no quesito comercial ‘Where You At’ não tem um futuro lá muito promissor, também não é possível dizer que a canção seja nada muito brilhante. A clássica combinação bateria elétrica + teclado aqui ganha brilho especial com os vocais controlados e sempre eficientes de Hudson, mas isso é o bastante? Até quando será possível dizer que uma faixa é boa só porque é de Jennifer?
Por mais que seja uma pena admitir, até o momento, o trabalho de J-Hud Seu trabalho não é à altura daquilo que ela parece ser capaz de mostrar ou, na pior das hipóteses, ‘ And I’m Telling You I’m Not Going’ foi mesmo o ponto alto de sua carreira...