sexta-feira, 26 de novembro de 2010

É ruim, mas é bom



Esta semana os Black Eyed Peas finalmente lançaram o vídeo para seu novo single ‘The Time (Dirty Bit)’ e quando ouvi a faixa sabia que teria o que falar dela aqui. Não, ‘The Time’ não é um single fabuloso, muito pelo contrário: é horrendo, mas não é da faixa em si que quero falar, e sim do que ela significa.
Deixando de lado aspectos relacionados à estrutura da canção, ‘The Time’ ganha muitos pontos por indicar um caminho interessante para os Peas: Ao invés de apostar no electrodance farofa que bomba nas paradas de todo o mundo, como a maioria, o BEP prefere apostar em um som eletrônico mais bruto, voltado para as pistas de dança. Embora não seja nenhum primor, este single sinaliza a evolução do BEP em busca de um som próprio, alheio a modismos e ainda assim antenado com o mercado.
É claro que isto não significa que o single ou o disco serão bem sucedidos, mas que é muito interessante ver um artista se esforçando para conseguir uma identidade musical em tempos de gaguismos, isso é.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Piggies

Everywhere there's lots of piggies
Living piggy lives
You can see them out for dinner
With their piggy wives
Clutching forks and knives to eat their bacon.

Não era exatamente isso que o George Harrison queria dizer, mas o que importa é que serve.

sábado, 13 de novembro de 2010

Guilty Pleasures pt. 1

Todos nós temos nossos guilty pleasures – aquelas coisas que adoramos mas das quais temos muita vergonha. Pensando neste conceito, resolvi fazer, em duas partes, um post em que falo um pouco de algumas músicas horrendas que eu simplesmente adoro – e inevitavelmente cantarolo sempre que ouço no rádio.
Fiz uma seleção de dez músicas que está organizada de forma cronológica. Vamos às cinco primeiras:

Kiss – Os anos oitenta são sinônimo de exagero: muita cor, muito brilho e – acima de tudo – muito sintetizador. E quem melhor do que Prince para falar de exageros? Somente a figura andrógina do cantor poderia declarar seu amor por uma mulher forçando sua voz à agudos risíveis. Mas, no fim, quem resiste à incrível linha de baixo desse hit?
As Long As You Love Me- Embalada pelas programações de sintetizador secas típicas da sonoridade dos anos 90, vocais desnecessários e o recorrente tema de meninos adolescentes gostosinhos cantando sobre decepção amorosa, As Long As You Love Me é uma baladinha grudenta que foi até trilha de novela. A gravação conta com aqueles arranjos de backing vocas típicos de grupo de pagode e comete a proeza d rimar mistery com history, algo certamente nunca antes feito na industria fonográfica.
Sometimes – Britney Spears é uma das maiores farsas da música pop e isso não é segredo para ninguém. Não é segredo também que ela tem uma pequena coleção de hits pra lá de invejável. Apoiada na imagem de virgem e usando um tom tão improvável quanto aqueles usados por Madonna em começo de carreira, uma Britilda pré-loucura canta sobre virgindade nesta baladinha melosa e terrível. Mas, é claro, nada disso valeria a pena sem o videoclipe ultra cafona com orçamento de vinte reais.
Come back to me - Junte samplers de Avril Lavigne e de uma banda dos anos 70, vocais estridentes e produção excessiva. O resultado só pode ser a ultra trash Baby Come Back, primeiro hit solo de Vanessa Hudgens depois de ser catapultada ao sucesso por High School Music. Separadas, as inúmeras camadas de som da produção são o suficiente para fazer ao menos quatro músicas novas – todas igualmente horríveis, claro.
Wind it up – Depois de um poderoso álbum de estréia, Gwen Stefani desapontou a todos com essa uptempo meia boca. Pesando a mão nos sons sintetizados, ‘Wind It Up’ é provavelmente uma das músicas mais insuportáveis já feitas (junto com 'Sexy Back', do Justin) e, em alguns momentos, lembra até aquele funk do Biruleiby. Alguém lembra?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Breaking News - Michael Jackson


Depois de faturar muito às custas da morte de Michael, a Sony Music se prepara para lançar um disco de inéditas do cantor em dezembro. Para isso, a canção ‘Breaking News’ foi lançada como promo single (uma música de trabalho divulgada só para tocar nas rádios e chamar atenção, sem vídeo e sem liberação para downloads pagos)
De certa forma, a faixa é bastante coerente com o que o rei do pop vinha fazendo em seus últimos trabalhos de estúdio: o som r&b característico de seus trabalhos de sucesso, as linhas de bateria sintetizada extensas, e o contra-tempo marcado da faixa são tipicamente oitentista e datados, enquanto alguns elementos modernos são inseridos de forma irregular numa tentativa equivocada de situar a faixa no mercado atual.
Por outro lado, a canção apresenta características que, se não são do feitio de Michael, tampouco podem ser consideradas uma evolução, e a principal delas é o trabalho vocal.  Maneirismos à parte, Michael era um ótimo vocalista e sua voz sempre teve destaque em suas produções, usando o acompanhamento vocal apenas para florear os registros mais baixos,aqui, porém, a voz de Michael aparece mergulhada atrás do backing vocals.
Este trabalho de Michael Jackson traz para o meio musical um assunto muito em voga no meio literário, que é a relevância e a validade de trabalhos póstumos elaborados com base em material descartado em vida por seus autores. No caso específico de Michael, além de ‘Michael’ ser todo formado por canções previamente descartadas no processo de produção, elas certamente ainda passaram pelas mãos dos mais diversos produtores da moda para tornar o material atraente.
Quanto de Michael realmente existe neste disco? Nem ele pode dizer.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Whip My Hair - Willow Smith

Relutei um pouco mas acabei parando para ouvir ‘Whip My Hair’, da Willow Smith, e confesso que tive uma excelente surpresa. Embora seja mais um urban-pop farofão, ‘Whip My Hair’ é essencialmente uma boa canção. A produção é convincente, os vocais de Willow são surpreendentemente bons para uma artista novata (mesmo que haja um pouquinho de auto-tune aqui e ali) e – sempre insisto nisso – o refrão é extremamente grudento.
O fato é que a faixa tem tudo o que precisa para ser um grande sucesso. A canção traz a temática “fexativa” que o público gay adora e uma bela batida construída pelo produtor Jukebox com muito sintetizador. Além, claro, do apelo de se ter uma canção pop cantada por uma criança de 10 anos.
Depois de o mercado ser assolado por anos por artistas teen pré-fabricados (vide Justin Bieber e Milley Cyrus, para citar só dois), Willow parece uma contra-resposta sem sequer ter atingido a adolescência: é claro que é superficial julgá-la apenas por um single, mas cantora mirim já mostrou ter bastante carisma, bons vocais e tino comercial, o que por si só já é bem mais do que a galerinha aí de cima tem junta.